O que significa Calvinismo?

"Calvinismo significa que Deus, Senhor dos céus e da terra, é absolutamente soberano sobre todas as coisas, boas e más, na terra e no céu, e mais particularmente o calvinismo significa no que diz respeito à salvação que Deus escolhe e elege pessoas em Cristo que vem no tempo e coloca os seus pecados na cruz, de modo que pela Sua maravilhosa graça homens totalmente depravados e incapazes e sem qualquer livre-arbítrio, são trazidos voluntariamente ao Reino de Deus e guardados pela graça de Deus! Porque 'quem Ele predestinou também chamou, e quem Ele chamou também justificou, e quem justificou Ele também glorificou' - Romanos 8:30." Rev. Angus Stewart (www.cprc.co.uk)



terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Entrevista a Jonathan Edwards


Soberana Graça decidiu começar o ano em grande e entrevistar um dos maiores nomes do protestantismo e avivamento evangélico, o maior teólogo americano de todos os tempos, missionário e pastor, o Reverendo Jonathan Edwards.


Soberana Graça: Dr. Jonathan Edwards, é um prazer tê-lo aqui e pedir que nos ajude a entender estes tempos tão complexos que vivemos nestes dias. Concerteza haverá perguntas que o irmão não terá resposta pois no seu tempo não tinham este tipo de problemas. O que pensa ser o mais importante para a igreja de hoje, que é a igreja do seu futuro?


Jonathan Edwards: O divino amor, o amor cristão, é implantado, habita e reina ali em cada um dos verdadeiros membros da igreja invisível de Cristo, como um eterno fruto do Espírito, e como um fruto que nunca cessa. Ele nunca cessa neste mundo, mas permanece através de todas as provações e oposições, pois o apóstolo nos diz que "nada nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." Rm 8:38, 39.


SG: Reverendo, sabendo que é um avivalista, um pregador que tem na sua experiência um dos maiores avivamentos da história do cristianismo, onde se viram muitas manifestações do Espírito e que escreveu sobre elas, o que nos pode dizer sobre a necessidade desses dons especiais que agiam no tempo dos apóstolos para os desafios do século 21?


JE: Vários teólogos têm sido da opinião que, quando vier a glória da igreja nos últimos dias, da qual é falada na Palavra de Deus, haverá novamente profetas e homens dotados com os dons de línguas e de operação de milagres, como foi nos tempos dos apóstolos; e alguns que estão vivendo agora (século 18) parecem ser da mesma opinião.


SG: Então podemos entender que os dons trazem maior glória à igreja e são prova da sua maturidade e perfeição?


JE: Profecia e milagres indicam imperfeição no estado da igreja, em vez de sua perfeição.


SG: Como assim?


JE: O estado futuro da igreja sendo assim muito mais perfeito do que nos tempos anteriores, não se inclina a provar que naquele tempo haverá dons miraculosos, mas antes o contrário.


SG: Então não concorda com esses teólogos que já defendiam isso no seu tempo?


JE: Os dons são meios designados por Deus como uma escora ou suporte, ou como um guia, se eu posso assim dizer, para a igreja em sua infância, antes que como meios adaptados a ela na sua maturidade.


SG: Mas isso é precisamente o oposto do que muitos defendem hoje ser uma igreja madura e forte espiritualmente. Como pode explicar que os milagres eram importantes na igreja primitiva e a fortaleciam na fé e no testemunho e não serem mais importantes hoje?


JE: Quando a igreja cristã começou, depois da ascenção de Cristo, ela estava em sua infância e então precisava de milagres, etc., para estabelecê-la; mas tendo sido estabelecida, e o canon das Escrituras tendo sido completado, eles cessaram. De acordo com o argumento de Paulo em 1ª Coríntios 13 o fim dos dons revelam a imperfeição deles, e quão mais inferior eles são àquele fruto ou influência do Espírito Santo que é visto no divino amor. Por que, então, deveríamos esperar que eles sejam restaurados outra vez quando a igreja estiver em seu mais perfeito estado?


SG: É o que eu tenho tentado muitas vezes indagar aos meus irmãos que defendem essa doutrina.


JE: Todos esses dons miraculosos o apóstolo parece chamar de "coisas de menino" em comparação com o nobilíssimo fruto do amor cristão.


SG: Eu ontem acordei a pensar precisamente naquela passagem que nos diz que o amor afugenta todo o medo. E dei comigo a lembrar-me quando era criança e tinha medo do escuro ao mesmo tempo em que ansiava por poderes de super-herói enquanto isso o amor somente veio à minha vida quando cresci...


JE: Os dons estão adaptados ao estado infantil da igreja, enquanto o santo amor é mais para ser esperado no seu estado varonil e maduro; e em si mesmos eles são pueris, em comparação com aquele santo amor que transbordará na igreja quando ela chegar à estatura perfeita em Cristo Jesus.


SG: Mas como entender à luz dessa passagem tão conhecida da carta aos coríntios que os dons não seriam também para vermos em manifestação nos nossos dias?


JE: O amor, o divino amor, é o fim para o qual toda a inspiração e todos os dons miraculosos que já existiram no mundo são apenas os meios. Eles foram somente meios de graça, mas o amor, o divino amor, é a própria graça; e não só isto, mas a soma de toda a graça. Revelação e milagres nunca foram dados para outro fim senão apenas para promover santidade e edificar o reino de Cristo no coração dos homens, mas o amor cristão é a soma de toda a santidade, e seu crescimento é apenas o crescimento do reino de Cristo na alma.


SG: UAU! Sinto ao ouvi-lo ecoar nos meus ouvidos as palavras do Senhor Jesus nos conduzindo ao amor sacrificial, sincero, puro, divino pelo qual o mundo saberá que somos Dele. Mas quando hoje tantos cristãos buscam dons e milagres, buscam igrejas que promovem e prometem a resolução miraculosa de todos os problemas com um simples estalar de dedos, será que estão buscando o que realmente é o mais importante para a igreja do século 21?


JE: Quando o Espírito de Deus é derramado com o propósito de produzir e promover o divino amor, ele é derramado de uma maneira mais excelente do que quando é manifesto em dons miraculosos. Isto o apóstolo claramente ensina na última parte do capítulo anterior, onde, depois de enumerar vários dons miraculosos, ele aconselha os crentes a desejarem ou procurarem os melhores dons, mas então acrescenta: "E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho mais excelente", isto é, procurar a influência do Espírito de Deus, operando amor, o divino amor, no coração.


SG: Então não podemos concluir que Deus pode fazer de uma maneira completamente inesperada o derramar do Seu Espírito sobre a igreja de hoje?


JE: Certamente as Escrituras, quando estão falando do futuro estado glorioso da igreja como sendo um tão excelente estado, não nos dão nenhuma razão para concluir que o Espírito de Deus será derramado naquele tempo de alguma outra maneira do que deste modo mais excelente. E indubitavelmente o modo mais excelente do Espírito é para o estado mais excelente da igreja.


SG: Mas se na igreja primitiva houve milagres a igreja ao caminhar para um patamar de maior aproximação das bodas do Cordeiro, não demonstrará que terá de ter todos os dons passados e prometidos?


JE: O estado futuro da igreja sendo assim muito mais perfeito do que nos tempos anteriores não se inclina a provar que haverá dons miraculosos, mas antes o contrário. Pois o mesmo apóstolo no texto e contexto, fala destes dons extraordinários cessando e desaparecendo para dar lugar a uma qualidade de frutos ou influências do Espírito que são mais perfeitas.


SG: O senhor está sempre nos indicando as Escrituras...


JE: Se você apenas ler o texto em conexão com os dois versículos seguintes, verá que a razão implícita por que profecia e línguas cessam e o amor permanece é esta, que o imperfeito prepara o caminho para o perfeito, e o menos excelente para o mais excelente; e o mais excelente, ele declara, é o amor.


SG: Acho que não há dúvidas que possam resistir de boa fé a esta exposição contundente da Palavra de Deus feita por si, Rev. Jonathan Edwards. Deixo aqui indicado a quem desejar aprofundar num estudo do que se tem falado aqui, a adquirir e ler o livro deste nosso irmão do século 18, chamado "O Dom Maior" da Editora Fiel.

Reverendo, foi um prazer tê-lo entrevistado e muito lhe agradeço por uma vida de labores que tenha deixado tão grandes referências para a igreja de Cristo ainda depois de mais de 200 anos.


"PERMANEÇA o amor fraternal." Hebreus 13:1

4 comentários:

Anónimo disse...

Sempre a surpreender...

Gostei da ideia, muito interessante e edificante. Vejo que tem veia para o jornalismo... hehehe

Um abraço.

Pastor Luzia

Unknown disse...
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Anónimo disse...
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Nuno Pinheiro disse...
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