(15) Consideremos um argumento de Romanos 8 contra a morte de Cristo por todos os homens, cabeça por cabeça. Romanos 8:28-30 fala acerca de um povo que Deus pré-conheceu, predestinado, chamado segundo o Seu propósito, justificado, glorificado e conforme a imagem do Seu Filho. O apóstolo tira a seguinte conclusão: "Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (31). "Pois" ou "portanto" indica que isto é uma inferência lógica baseado nos seus argumentos anteriores, aqui chamados "estas coisas". O "nós" só podem ser aqueles predestinados (ou eleitos) e chamados conforme o propósito eterno de Deus (28-30). Então o argumento de Paulo é este: se Deus é "por nós" (31) na predestinação, chamado, justificação e glorificação (29-30), então "quem pode ser contra nós?" (31). Ou para expandir sobre isto: se Deus no Seu eterno decreto tem-nos escolhido para eterno gozo, chamou-nos das trevas para a Sua maravilhosa luz, absolveu-nos de todos os nossos pecados e reputou-nos justos com a mesma justiça do próprio Cristo, e glorificou-nos ao conformar-nos com a imagem do Seu Filho, então "quem pode ser contra nós?" (31).
O apóstolo reforça o seu já forte argumento com outro: " Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?" (32). Quem é o "nós" referido duas vezes aqui por quem Deus enviou o Seu Filho para morrer? Outra vez, eles são aqueles predestinados e chamados de acordo com o eterno propósito de Deus (28-30). A única conclusão é que Cristo morreu pelos eleitos.
Se for objectado que Cristo também morreu pelos não-eleitos, então nós respondemos que a passagem dá nenhuma pista sobre isso. De facto, isto fará a passagem ensinar que Deus enviou o Seu Filho para morrer por aqueles que não são predestinados nem chamados, justificados, glorificados ou conformes a Cristo. Também, se for argumentado que Cristo morreu pelos réprobos, isto fará a passagem ensinar que os réprobos vão receber todas as bênçãos da Sua cruz. Porque o verso 32 ensina que Deus livremente dá todas as coisas àqueles por quem Cristo morreu. O "todas as coisas" inclui liberdade da lei do pecado e da morte (2), vida e paz (6), adopção como filhos de Deus (14), o testemunho do Espírito (16), uma herança eterna (17), a redenção do corpo (23), a capacidade de orar no Espírito (26), etc. Para além disso, o "todas as coisas" também incluirá as bênçãos da justificação, chamado, glorificação e conformidade com Cristo (29-30) de acordo com a predestinação eterna de Deus! Então, a visão que Jesus morreu por reprovados lido em Romanos 8:32 significaria que Deus dá livremente as bênçãos da justificação, chamado e glorificação aos reprovados, aqueles a quem Ele nunca chama, justifica ou glorifica. Este versículo ensina uma ligação absolutamente inseparável entre aqueles por quem Cristo morreu e as bênçãos espirituais. Alguns não recebem estas bênçãos. Logo, Jesus não morreu por eles.
A passagem prossegue em dizer que nenhuma acusação (33) e nenhuma condenação (34) pode ser feita contra aqueles que são justificados (33), aqueles por quem Cristo morreu (34). Mas muitas acusações são justamente feitas pelo Deus dos céus contra os malditos réprobas de modo a serem condenados! Isto é assim porque eles não são justificados (33) porque Cristo não morreu por eles e não intercede por eles (34).
Rev. Stewart
* Tradução da série de 8 partes do ensino sobre a doutrina da Expiação da Covenant Protestant Reformed Church, em http://www.cprc.co.uk/
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