"Eu sei em que tenho crido!" Esta deve ser a postura de todo membro presbiteriano. Para que esta convicção seja possível, temos diversos recursos para capacitar e treinar os nossos membros, como por exemplo, o discipulado, os grupos familiares, a classe de Catecúmenos, a Escola Dominical, estudos durante a semana de doutrina, literatura diversificada, sites, etc. Cada membro tem a oportunidade de conversar com o seu pastor e esclarecer as suas dúvidas.
Não somos uma denominação confusa, nem sem identidade. Desde o século 16, a nossa história tem testemunhado, em períodos, lugares e circunstâncias diferentes que o nosso Deus levantou servos zelosos e fiéis com a verdade e a pureza da Igreja para que lutassem pela fé que foi entregue aos santos (Jd vs.3). Somos Calvinistas. Entretanto, não podemos cair no erro de pensar que somos limitados ao ensino de um único homem. O reformador francês João Calvino nunca teve a intenção, nem permitiu que se criasse uma denominação com o seu nome. Mas, o seu nome foi emprestado à um sistema doutrinário que possuí características que diferem de outros sistemas doutrinários dentro do Cristianismo. Calvinismo é o sistema que "repousa sobre uma profunda apreensão de Deus em Sua majestade, com a inevitável e estimulante realização da exata natureza da relação que Ele sustenta na criação como ela é, e em particular, na criatura pecadora. Aquele que crê em Deus sem reservas, está determinado a deixar que Deus seja Deus em todos os seus pensamentos, sentimentos e volições - em inteiro compasso das suas atividades vitais, intelectuais, morais e espirituais, através de suas relações pessoais, sociais e religiosas" (B.B. Warfield, Calvin and Calvinism in: Works, vol. 5, pp. 354).
O nosso sistema de governo presbiteriano significa que somos regidos pelos presbíteros. Não somos congregacionais (onde todos decidem pelo voto direto), nem episcopais (onde apenas um superior decide sobre os demais), mas somos uma igreja democrática que é representada pelos presbíteros escolhidos pela igreja local. A base do nosso governo é que o concílio é soberano.
Estes são os princípios doutrinários do nosso sistema de governo:
1) Cristo é a Cabeça da sua Igreja e a Fonte de toda a sua autoridade. Esta autoridade encontra-se escrita na Escritura, de modo que, todos têm acesso ao seu conhecimento.
2) Todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cristo, assim como os diversos membros de um corpo, que se subordinam à direção da cabeça espiritual.
3) Cristo exerce a sua autoridade em sua Igreja, por meio da Palavra de Deus e do seu Espírito.
4) O próprio Cristo determinou a natureza do governo da sua Igreja.
5) Cristo dotou tanto os membros comuns como aos oficiais da sua Igreja com autoridade, sendo que os oficiais receberam adicional autoridade, como é requisito para realização dos seus respectivos deveres.
6) Cristo estabeleceu apóstolos como os seus substitutos, entretanto, eram de caráter transitório. O ofício apostólico cessou, mas a sua autoridade é preservada pelos seus escritos, isto é, o Novo Testamento.
7) Cristo providenciou para o específico exercício da autoridade por meio de representantes (os presbíteros), a quem separou para zelar da preservação da sã doutrina, fiel adoração e disciplina na Igreja. Os presbíteros têm a responsabilidade permanente de pastorear a Igreja de Cristo.
8) A pluralidade de presbíteros numa igreja local é a liderança permanente até a segunda vinda de Cristo.
A nossa liderança não pode instruir os seus membros conforme as suas predileções pessoais, nem movidos pela moda doutrinária do momento. O nosso princípio básico orientador é: a Escritura Sagrada é a nossa única regra de fé e prática. Os pastores e presbíteros devem ser fiéis ao sistema doutrinário e governo presbiteriano. O direito que a Igreja Presbiteriana do Brasil tem de determinar as qualificações dos candidatos a cargos eclesiásticos e de requerer-lhes fidelidade é constitucional, moral e bíblico. Por isso, quando alguém anseia tornar-se um ministro ou oficial presbiteriano, ele deve prestrar solene juramento público, requerendo-lhe conhecimento, entendimento, obediência e compromisso com a nossa identidade reformada.
A família presbiteriana e reformada no mundo está unida pela adoção dos padrões doutrinários de Westminster. Entre 1643 à 1646, se reuniu em Londres a Assembléia de Westminster, que foi um grupo com mais de 120 teólogos e líderes que vieram de diversas partes do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda) e visitantes de outros países de confissão Calvinista. Este grupo dividiu-se em comissões e travaram em minunciosos debates, produzindo documentos doutrinários coerentes, precisos, concisos e vigorosos. Estes textos são conhecidos como os Padrões de Westminster: a Confissão de Fé e Catecismos Breve e Maior. Estes livros são usados como referência confessional, recurso de discipulado, treinamento de novos membros e devocional para o culto doméstico, em que cada família pode nutrir o seu lar com sã doutrina.
"O principal emblema teológico do presbiterianismo não é a sua eclesiologia [doutrina da Igreja], mas a sua teontologia [doutrina de Deus]. A doutrina da soberania é o centro da convicção presbiteriana. Todas as demais doutrinas são diretas ou por implicação resultado deste tema unificador. Héber C. de Campos observa que "o Deus que é pregado em muitos púlpitos e ensinado nas escolas dominicais, e lido em grande parte dos livros evangélicos, não passa de uma adaptação da divindade das Escrituras, uma ficção do sentimentalismo humano. Esse Deus, cuja vontade pode ser resistida, cujos desígnios podem ser frustrados e cujos propósitos podem ser derrotados, não é digno de nossa verdadeira adoração. De fato, esse não é o Deus das Escrituras."[1]
A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. W.E. Roberts de forma quase poética afirma esta verdade, declarando que "quanto mais claramente Deus é compreendido e a sua soberania reconhecida, tanto mais aceitáveis e obrigatórios se tornam os seguintes princípios: o homem é um ser livre, predestinado; a vida reta é um dever perpétuo estabelecido por Deus; a responsabilidade moral do homem foi preordenada pelo Espírito Divino; o juízo de Deus é inevitável e a libertação do castigo e da condenação só é possível mediante Jesus Cristo. A soberania, a lei e a justiça de Deus, em harmonia com a liberdade humana, fazem dos conceitos presbiterianos sobre o dever uma força moral austera e poderosa."[2]
Arminianismo num se aprende..., todo ser humano nasce arminiano! Entender e aceitar o Calvinismo é receber a graça que ofende o nosso orgulho, e repreende a desgraçada pretensão de ser livre [de Deus] e a estupidez de pensar que sou capaz de resistir ao soberano Senhor do universo, numa insensata e inútil crença de que "sou eu quem determina o meu futuro" e não o trino Deus!!! Concluir que o imperfeito, limitado, instável, insensato, confuso, ignorante, inábil, depravado e morto espiritualmente é capaz de frustrar o perfeito, infinito, imutável, sábio, onisciente e soberano Deus, é no mínimo não ter sequer noção de causação. O Arminianismo é uma tolice, se não bastasse ser antibíblico.
Creio que não é ofensivo ao meu Senhor Jesus quem/como deve ser batizado, nem quem/como se governa a igreja local [penso serem assuntos secundários ou periféricos em questão de doutrina, mas não menos importantes para a boa saúde da Igreja], mas entendo que é altamente ofensivo roubar a Sua glória de determinar a administração da Sua graça, bem como cheira blasfêmia dizer que o desgraçado pecador que é merecedor da mais intensa angústia do inferno, pretende ser superior em vontade à Ele."
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Pode ler na íntegra os 9 textos deste título em:
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1 comentário:
Caro Nuno
Agradeço por você disponibilizar o teu blog para divulgar os artigos que venho escrevendo. Todo material que você quiser transferir pode usar com minha permissão e alegria.
Em Cristo,
Pr Ewerton B. Tokashiki
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