Muitos perguntam se os Reformadores Protestantes tiveram alguma posição sobre os milagres, como que torcendo que tenham deixado um vazio a explorar e que não fiquem ainda mais desligados da fé destes homens usados por Deus.
João Calvino:
"O fato de exigirem de nós milagres, agem de má fé. Ora, não estamos a forjar algum evangelho novo; ao contrário, retemos aquele mesmo à confirmação de cuja verdade servem todos os milagres que outrora operaram assim Cristo como os apóstolos. Acima de nós, eles têm isto de singular, que podem confirmar sua fé mediante constantes milagres até o presente dia! Contudo, o fato é que estão antes a invocar milagres que se prestam a perturbar o espírito doutra sorte inteiramente sereno, a tal ponto são eles ou frívolos e ridículos, ou fúteis e falsos! Todavia, nem mesmo se esses alegados milagres fossem mui prodigiosos, certamente que não seriam contra a verdade de Deus, quando importa que o nome de Deus por toda parte e a todo tempo seja santificado, quer através de portentos, quer mediante a ordem natural das coisas.
Talvez mais deslumbrante poderia ser esse aparente matiz, não fora que a Escritura nos adverte quanto ao legítimo propósito e uso dos milagres. Ora, os sinais que acompanharam a pregação dos apóstolos, no-lo ensina Marcos [16.20], foram operados para sua confirmação. De igual modo, também Lucas narra que o Senhor deu testemunho da palavra de sua graça, quando foram operados sinais e portentos pelas mãos dos apóstolos [At 14.13] … E convém que tenhamos sempre em mente que Satanás tem seus milagres, os quais, embora sejam falazes prestidigitações, antes que genuínos prodígios, entretanto são de tal natureza, que podem seduzir os desavisados e simplórios. "
(Institutas, Carta ao Rei da França Francisco I)
1 comentário:
Parabêns pelo blog.Há um bom livro que achei interessante ler alguns anos atrás, que aborda essa questão. "O dedo de Deus ou os Chifres do diabo". Gostei de teres citado calvino.
Enviar um comentário