Tenho ouvido de vários lábios uma história repetida, de gente vinda de toda a parte e que se encontra em todo o lugar. Gente como eu, que um dia estava longe de Deus e não o entendia, não o amava, não o queria. Mas um dia como que surgido do nada, ei-lo na minha vida, confrontando-me com a minha perdição, mostrando-me o quanto lhe devia e que a cobrança chegaria.
(Eu podia inventar uma história dizendo que o Pai Natal era agora um pastor famoso pentecostal que dava prendas por uma oferta choruda e que estava promovendo seu novo descarrego do trenó dos problemas. Esses já existem abrindo prostíbulos fingidos de igrejas cujo o fim daqueles que lá entram é morte...)
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"Não, eu não o queria ouvir. Meu desejo era fugir. Se possível, arranjar uma forma de o anular ou de o abater. Mas Jesus já havia sido morto e a morte não o vencera. Para quem o queria morto, trinta moedas de prata eram uma bagatela, mas não foram um investimento seguro e nem lhes compra agora um lugar para se esconder. Este Cristo, que os homens em conjunto com os demónios castigaram sem piedade, humilharam sem razão, despiram de dignidade e mataram sem justiça, este Cristo celebrou junto dos seus amigos depois de festejar com seu Pai e com todos os anjos do céu a vitória sobre toda a maldade que mora no coração de todos os humanos e nos infernos mais profundos.
Mas eu oiço uma música vinda de lábios de tantos outros, que outrora inimigos do amor mais grandioso, agora voltam perdoados de todos os cantos e de todos os lados. Gente de toda a classe, raça, sexo e idade. Gente que trocou um ranger de dentes por um sorriso e que Cristo colocou um coração de carne no lugar da pedra dura que magoava seus peitos e os impediam de sentir.
A mesma história desde os tempos dourados do mundo perdido no meio das muitas águas, contada por lábios que não encontram as palavras certas para descrever tamanho galardão. Homens e mulheres que continuam escorraçados de suas casas, de seus amigos e até de suas igrejas. Gente incompreendida que não conseguem traduzir por uma linguagem que este mundo entenda a incompreensível obra da graça divina.
Conheço uns que são novos e outros mais velhos, que tendo cuidado pensar que nas igrejas que enchem as ruas e anunciam um "roto-evangelho", todos compartilhavam dessa mesma inaudita aventura e almejavam as palavras de ouro escritas no Sagrado Livro da Vida. Mas foram violentados por pregações acusatórias proferidos por homens que juram a pés juntos estarem a serviço do Senhor da Seara: "a letra mata" e "não sejas de Apolo ou de Paulo" e "Deus ama o pecador mas odeia o pecado" e "agora depende de ti e da tua fé", diziam eles em brados jactantes. Doutores da lei do homem cuja a sabedoria é animal e produzida nas metalúrgicas industriais do inferno cuja a morada é a Rua do Coração do Homem, nº666.
Mas eis que aos tais Cristo os libertou e verdadeiramente até sempre os eleitos do Senhor serão livres. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça. Cuidas que estás num caminho seguro, amplo e espaçoso como uma auto-estrada? Sai então no trilho estreito, cujo o carro não passa e a avioneta não vê. Cristo certamente te fará andar nas penhas como a cabra montesa e não deixará descalço nenhum daqueles que vem a Si. Águas de outra nascente tem à espera para os sedentos que o Pai lhe dá - são águas de uma fonte celestial e que jorram para a vida! Quem perder sua vida, por amor a Cristo, achá-la-á. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á.
Bem, sei que a cobrança chegará mas levo no meu peito tudo o que eu preciso para pagar com fartura a dívida, pois a morte que me poderia condenar é minha pela fé para me salvar! Jesus, tu és o meu natal!"
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