OBSERVAÇÕES AOS ATRIBUTOS DIVINOS
Previamente Necessário
De Forma À Nossa Melhor Compreensão
DA DOUTRINA DA PREDESTINAÇÃO
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por
Jerome Zanchius
1516 - 1590
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Previamente Necessário
De Forma À Nossa Melhor Compreensão
DA DOUTRINA DA PREDESTINAÇÃO
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por
Jerome Zanchius
1516 - 1590
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Apesar do grande e eternamente bendito Deus ser um Ser absolutamente simples e infinitamente remoto de todas as sombras de composição, Ele é, ainda assim, em condescendência às nossas fracas e contraídas faculdades, representado nas Escrituras como possuidor de diversas Propriedades, ou Atributos, os quais, apesar de aparentemente diferentes da Sua Essência, são na realidade essenciais a Ele, e constitutivos da Sua própria Natureza.
Destes atributos, aqueles que passaremos agora a dissertar (como sendo mais directamente relacionados com o assunto que se segue) são os seguintes: I., Sua eterna sabedoria e presciência; II., A absoluta liberdade da Sua vontade; III., A perpetuidade e imutabilidade tanto dele próprio e Seus decretos; IV., Sua Omnipotência; V., Sua justiça; VI., Sua misericórdia.
Sem uma explicação destes, a doutrina da Predestinação não será tão bem compreendida, e nós iremos, portanto, considerá-las brevemente de modo preliminar ao assunto principal.
A DIVINA SABEDORIA E PRESCIÊNCIA DE DEUS
I.-A respeito à DIVINA SABEDORIA E PRESCIÊNCIA, eu apresentarei as seguintes posições:
POSIÇÃO 1. Deus é, e sempre foi tão perfeitamente sábio, que nunca nada iludiu ou poderá iludir o Seu conhecimento. Ele conhecia, desde toda a eternidade, não apenas o que Ele próprio intencionava fazer, mas também o que Ele inclinaria e permitiria o que os outros fizessem. "Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras." (Actos xv. 18).
POSIÇÃO 2. Consequentemente, Deus não sabe nada agora, ou saberá algo daqui em diante, que Ele não soubesse e previsse desde a eternidade, o Seu pré-conhecimento sendo co-eterno com Ele mesmo, e estendendo-se a tudo o que é ou que será feito (Hebreus iv. 13 “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”). Todas as coisas que compreendem o passado, o presente e o futuro, estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.
POSIÇÃO 3. Este pré-conhecimento de Deus não é conjectural ou incerto (senão não seria pré-conhecimento), mas muito firme e infalível, de modo que seja o que for que Ele pré-conheça que seja futuro deverá necessária e indubitavelmente acontecer. Porque o Seu conhecimento não poderá ser frustrado, ou a Sua sabedoria iludida, como Ele não pode cessar de ser Deus. Nem, podem nenhum destes ser o caso, sem que Deus cessasse de ser Deus, sendo o erro e desapontamento absolutamente incompatíveis com a natureza Divina.
POSIÇÃO 4. A influência que a Divina presciência tem na certa futuridade das coisas pré-conhecidas não torna a intervenção das causas secundárias desnecessárias, nem destroem a natureza das coisas em si.
O que quero dizer é, que a presciência de Deus não Deus não impõe qualquer necessi-dade coercitiva sobre as vontades dos seres naturalmente livres. Por exemplo, o homem, mesmo no seu estado caído, está dotado com uma liberdade natural da vontade, no entanto ele age, do primeiro ao último instante da sua vida, em absoluta subserviência (apesar, de talvez, ele não o saber nem o conceber) aos propósitos e decretos de Deus a respeito dele, não obstante ele ser sensível a nenhuma compulsão, mas age tão livremente e voluntariamente como se ele fosse sui juris, sujeito a nenhum controlo e absolutamente senhor de si mesmo. Isto fez Lutero,* depois dele ter mostrado como todas as coisas necessária e inevitavelmente vêm a acontecer, em consequência da vontade soberana e infalível pré-conhecimento de Deus, diz que "nós devemos distinguir cuidadosamente entre a necessidade de infalibilidade e a necessidade de coacção, uma vez que tanto os homens bons e maus, apesar de pelas suas acções eles cumpram o decreto e a nomeação de Deus, não são, no entanto, forçadamente constrangidos a fazer alguma coisa mas agem por sua vontade."
*De Serv. Arb. cap. 44.
O que quero dizer é, que a presciência de Deus não Deus não impõe qualquer necessi-dade coercitiva sobre as vontades dos seres naturalmente livres. Por exemplo, o homem, mesmo no seu estado caído, está dotado com uma liberdade natural da vontade, no entanto ele age, do primeiro ao último instante da sua vida, em absoluta subserviência (apesar, de talvez, ele não o saber nem o conceber) aos propósitos e decretos de Deus a respeito dele, não obstante ele ser sensível a nenhuma compulsão, mas age tão livremente e voluntariamente como se ele fosse sui juris, sujeito a nenhum controlo e absolutamente senhor de si mesmo. Isto fez Lutero,* depois dele ter mostrado como todas as coisas necessária e inevitavelmente vêm a acontecer, em consequência da vontade soberana e infalível pré-conhecimento de Deus, diz que "nós devemos distinguir cuidadosamente entre a necessidade de infalibilidade e a necessidade de coacção, uma vez que tanto os homens bons e maus, apesar de pelas suas acções eles cumpram o decreto e a nomeação de Deus, não são, no entanto, forçadamente constrangidos a fazer alguma coisa mas agem por sua vontade."
*De Serv. Arb. cap. 44.
POSIÇÃO 5. O pré-conhecimento de Deus, tomado abstractamente, não é a causa única dos seres e eventos, mas a Sua vontade e pré-conhecimento juntamente. Deste modo nós achamos (Actos 2.23) que o Seu determinado conselho e pré-conhecimento agem concertadamente, o último resultando de e sendo fundado no primeiro.
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